Cícero Romão Batista, o padre Cícero, o padim Ciço do povo humilde do
nordeste é uma figura que desperta controvérsias. Mas em um ponto admiradores,
detratores e estudiosos concordam: Foi um homem extremamente inteligente, a
frente de seu tempo. Prova disso foram os seus preceitos “ecológicos”
proferidos a cerca de um século atrás, quando o interesse ambiental era algo
inexistente.
Assim dizia o padim:
- Não derrube o mato nem
mesmo um só pé de pau
- Não toque fogo no
roçado nem na caatinga
- Não cace mais e deixe
os bichos viverem
- Não crie o boi nem o
bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer
- Não plante em serra
acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra
para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza
-Faça uma cisterna no
oitão de sua casa para guardar água de chuva
-Represe os riachos de
cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta
-Plante cada dia pelo
menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o
sertão todo seja uma mata só
-Aprenda a tirar
proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas
podem ajudar a conviver com a seca
-Se o sertanejo
obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado
melhorando e o povo terá sempre o que comer
- Mas, se não obedecer,
dentro de pouco tempo o sertão todo vai vivar um deserto só.
Não deram ouvidos às palavras do padre, e o resultado é o que vemos hoje.