terça-feira, 25 de dezembro de 2012

DE QUEM É A GRANA ?

Charge do Diário do Nordeste- 21/12/12
 Não vejo sentido falar em "estados produtores". Qual o mérito de cariocas e capixabas? Por acaso o petróleo foi "plantado" por eles nas profundezas do Atlântico?. 
Somos uma república federativa. As riquezas pertencem à união, que deve distribui-las às unidades federativas. Só assim poderão ser diminuias as históricas desigualades sociais.

domingo, 9 de dezembro de 2012

A HISTÓRIA SE REPETE

MATÉRIA PUBLICADA NO JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE - CADERNO REGIONAL - EDIÇÃO DE 09 DE DEZEMBRO DE 2012
Estiagem

Uma das seis piores secas nas últimas cinco décadas no CE

09.12.2012

O drama se repete com a falta de chuva em 2012. Os açudes estão em níveis críticos e a safra foi quase 100% perdida
Quando a equipe do Diário do Nordeste visitou, em abril deste ano, nove municípios do semiárido cearense, a situação já era desesperadora. Sete meses depois, a reportagem refez o caminho pelo sertão cearenses e reencontrou os personagens do drama da falta de chuva neste ano no Estado, que já se transformou em uma das seis piores secas das últimas cinco décadas.

A fauna silvestre ainda resiste num ambiente desolado pela seca Foto: Waleska Santiago

A expectativa em abril, por parte da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), era otimista, mas a estiagem se agravou. A média histórica, que é de 710,4 milímetros, compreendida no período de janeiro a maio, em 2012 foi apenas de 352,1 o que significou uma redução de 50,4 % nas chuvas. Entre o dia 1º de janeiro até 30 de novembro deste ano choveu apenas 430,3 em todo o Estado contra 908,8 milímetros da média histórica para esse mesmo período, representando um decréscimo de 52,7 %.

De acordo com a meteorologista Cláudia Rickes, o ano de 2012 foi "bem difícil" devido à má distribuição temporal e espacial. As regiões mais afetadas foram o Sertão Central, Inhamuns e Baixo Jaguaribe. O município de Independência registrou o menor índice de precipitação nessa região com 74,4 milímetros, contra 559,80 da média histórica, significando 86,71% abaixo do normal para o período.

Conforme Cláudia Rickes, a causa em geral da falta de chuva foi um conjunto de condições desfavoráveis, como o resfriamento do Oceano Atlântico que não favoreceu a formação de nuvens: "No Oceano Pacífico, a situação era de La Nina, o que poderia indicar uma quadra chuvosa dentro da normalidade, mas as outras situações como a do Atlântico não contribuíram".

Reservatórios
Em abril deste ano, a situação dos reservatórios em todo o Estado "era razoavelmente confortável" e sem problema para o abastecimento humano conforme destacou, na época, o diretor de Operações da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) Ricardo Adeodato.

No entanto, a situação se agravou e causou colapso no abastecimento nos municípios de Irauçuba, Itapajé, Milhã, Pacoti, Quiterianópolis, Salitre, e nos distritos de Cruzeta, em Santa Cruz de Banabuiú, e Sucesso, no município de Tamboril. Segundo o diretor de Operações da Cogerh outros sete locais estão na eminência de entrar em situação de colapso e mais 14 permanecem em alerta, no caso de as chuvas não ocorrerem no próximo ano.

A média da capacidade nos reservatórios monitorados pela Cogerh é atualmente de 51%. "No início do ano, estávamos com 71,% e perdemos cerca de 20%, afirmou. Segundo Adeodato, algumas bacias apresentam situação confortável, como a da Serra da Ibiapaba, que está com 69%. Mas em outras, a situação chegou a níveis críticos, como a do Sertão de Crateús, nos Inhamuns, com 20% e a Bacia do Curu, com 24% (ver mapa).

De acordo com o Portal Hidrológico do órgão, até o último dia 6, 53 açudes estavam com volume inferior a 30%. Na Bacia do Médio Jaguaribe, por exemplo, o açude Madeiro, no Município de Pereiro estava com volume de apenas 4.66% e o açude Cupim, em Independência, no Sertões de Crateús, estava com7.27%.

Safra
Além do problema de abastecimento humano, a falta de chuvas causou ainda uma perda de "safra generalizada" no Estado. De acordo com o secretário do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), Nelson Martins, o total de perda, em média foi de 83% na agricultura de sequeiro, mas, em Municípios como Solonópole e São João do Jaguaribe, o prejuízo foi de 100%.

EMERSON RODRIGUES
REPÓRTER

sábado, 24 de novembro de 2012

SECA NO NORDESTE

É impressionante como a grande mídia nacional, mostra a seca no nordeste, como sendo algo novo e inesperado. As reportagens restringem-se a mostrar o sofrimento humano e dos animais, e nada mais.

domingo, 11 de novembro de 2012

GONZAGÃO CENTENÁRIO

Luiz Gonzaga do Nascimento, segundo ele próprio, metade pernanbucano, metade cearense.


A Morte do Vaqueiro

 

Numa tarde bem tristonha
Gado muge sem parar
Lamentando seu vaqueiro
Que não vem mais aboiar
Não vem mais aboiar
Tão dolente a cantar
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi
Bom vaqueiro nordestino
Morre sem deixar tostão
O seu nome é esquecido
Nas quebradas do sertão
Nunca mais ouvirão
Seu cantar, meu irmão
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi
Sacudido numa cova
Desprezado do Senhor
Só lembrado do cachorro
Que inda chora
Sua dor
É demais tanta dor
A chorar com amor
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi
E... Ei...



ALGODÃO

Bate a enxada no chão
Limpa o pé de algodão
Pois pra vencer a batalha,
É preciso ser forte, robusto, valente ou nascer no sertão

Tem que suar muito pra ganhar o pão
E a coisa lá "né" brinquedo não

Mas quando chega o tempo rico da colheita
Trabalhador vendo a fortuna se deleita

Chama a família e sai, pelo roçado vai
Cantando alegre ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, (2X)

Sertanejo do norte
Vamos plantar algodão
Ouro branco que faz nosso povo feliz
Que tanto enriquece o país
Um produto do nosso sertão.



Acauã

 

Acauã, acauã vive cantando
Durante o tempo do verão
No silêncio das tardes agourando
Chamando a seca pro sertão
Chamando a seca pro sertão
Acauã,
Acauã,
Teu canto é penoso e faz medo
Te cala acauã,
Que é pra chuva voltar cedo
Que é pra chuva voltar cedo
Toda noite no sertão
Canta o João Corta-Pau
A coruja, mãe da lua
A peitica e o bacurau
Na alegria do inverno
Canta sapo, gia e rã
Mas na tristeza da seca
Só se ouve acauã
Só se ouve acauã
Acauã, Acauã...


domingo, 14 de outubro de 2012

O PADIM ECOLÓGICO




Cícero Romão Batista, o padre Cícero, o padim Ciço  do povo humilde do nordeste é uma figura que desperta controvérsias. Mas em um ponto admiradores, detratores e estudiosos concordam: Foi um homem extremamente inteligente, a frente de seu tempo. Prova disso foram os seus preceitos “ecológicos” proferidos a cerca de um século atrás, quando o interesse ambiental era algo inexistente.
Assim dizia o padim:
- Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau
- Não toque fogo no roçado nem na caatinga
- Não cace mais e deixe os bichos viverem
- Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer
- Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza
-Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva
-Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta
-Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só
-Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca
-Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer
- Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai vivar um deserto só.

 Não deram ouvidos às palavras do padre, e o resultado é o que vemos hoje.