quinta-feira, 2 de abril de 2015

O VIGÉSIMO NONO DIA



O vigésimo nono dia

Texto adaptado do livro tempos Históricos, de Enzo Tiezzi, tradução de Frank Roy Cintra Ferreira e Luiz Eduardo de Lima Brandão, Ed. Nobel, São Paulo, 1988.


Lester Brow iniciou um de seus livros, o vigésimo nono dia, com uma pequena história: “ Para ensinar às crianças noções de crescimento exponencial, os professores franceses se valem de uma charada. Em uma lagoa flutua uma folha de árvore. A cada dia eu passa, o número de folhas dobra: duas no segundo dia, quatro no terceiro, oito no quarto e assim por diante. Se a lagoa fica inteiramente coberta de folhas no trigésimo dia. Quando ficou coberta pela metade?Resposta: No vigésimo nono dia”.

     A lagoa corresponde ao nosso planeta, e as folhas, a seus habitantes humanos. Talvez o plante já esteja coberta pela metade e, desta até a próxima geração, poderá se tornar repleto de gente. Aqui e ali, grupos de folhas estão se adensando junto às margens da lagoa, prenunciando o dia em que estará inteiramente coberta. O risco maior é que podemos eixar passar os sinais da  iminente saturação, ou interpretá-los de modo errôneo.

   O trigésimo dia não oferece possibilidades de sobrevivência. É preciso não chegar a ele, e o caminho é limitar o crescimento demográfico, o  consumo energético etc.., e o desenvolvimento de uma verdadeira “consciência de espécie”

    As coisas, é claro, não são simples. A questão demográfica apresenta relações complexas nos planos politico, social, econômico, biológico, etc. Tentaremos analisar alguns pontos, sem a pretensão de resolver o problema, mas procurando oferecer subsídios à pesquisa e a reflexão.

  “um suíço consome o mesmo que quarenta somalis”. Esse me parece um ponto fundamental. A resposta ao crescimento demográfico, sob o ponto de vista de um europeu, poderia ser: A Europa se aproxima do crescimento zero; o problema, portanto, é dos países od terceiro mundo.

   O Crescimento demográfico é também um problema dos países industrialmente desenvolvidos, pois estes rapinam alimentos, energia e recursos de todo o planeta.  Tem mais impacto um nascimento nos países industrialmente avançados do que quarenta nascimentos no terceiro mundo. Não tem sentido falar em crescimento demográfico e se não o vincularmos ao problema global  a produção e da distribuição dos recursos.

   ‘’Paradoxalmente, o aumento demográfico também está ligado ao grau de desenvolvimento no campo da medicina. A população cresce não apenas porque há mais nascimentos, mas também porque a  duração média da vida humana tem aumentado. A média de vida era de 3o anos em 1650, e hoje é mais de 60 anos. Isso não quer dizer, obviamente, que a ciência médica não deva ser utilizada, mas apenas que é interessante levar também esse parâmetro nas futuras previsões de crescimento populacional, programando os nascimentos e os recursos de maneira consequente





Amabis e Martho. Editora moderna, 1995, pag. 385

Nenhum comentário:

Postar um comentário